"Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer."
Johann Goethe

Para bom entendedor meia honestidade basta


Ninguém pode ser totalmente compreendido já que não há um único ser sob a força gravitacional desse planeta que seja em sua totalidade transparente - as rãs de vidro que exprimam em vossos corpos, não o real sentido aqui contido, mas uma analogia interessante a ser considerada futuramente.

Não seria desonesto não esclarecer a verdade diante da conclusão equivocada do alheio? Quero crer que não, caso contrário teria apoio de uma própria conclusão equivocada e estaria isento de qualquer culpa, ou assim o faria parecer de forma dissimulada.

Dissimulada? Assumida essa forma pontual de atitude corruptiva comprometeria-se a honestidade de quem quer que seja, já que a denotação diz que para honesto positivo faz-se necessário integridade impecável. Integridade impecável? Seria um pleonasmo já que espera-se que em algo integro não falte nada, honestidade autosuficiente, contudo hoje vale salientar não tratar-se de uma deficitária, da mesma forma que se ressalta qual o tipo de honestidade cabível a cada um, ou a um grupo, a massa, longe da individualidade para não comprometer ninguém tão somente.

Considerando então que alguém seja íntegro, honesto por consequencia e até transparente em tudo que lhe diz respeito, ainda assim, não se engane, porque não se pode predizer ou prever quais as reações e/ou situações incubidas a ele no futuro. Alguém ora honesto hoje, pode se tornar num meio honesto amanhã, um honesto por sazonalidade - sob variação do tempo e das pressões que lhe são aplicadas - um honesto envolto numa camada tênue que muda de conformação ao mais leve estímulo.

A omissão de pequenas partes para transparecer somente o que nos convém, nos torna indubitavelmente desonestos, já que por mais ínfimas que sejam elas, ainda são partes, e se faltam, não há integridade. Talvez até seja esse o cúmulo da hipocrisia: quando maquiamos a honestidade para nós mesmos.

Antes ainda de ser impossível prever nossa honestidade futura, ou a falta dela, acho improvável fazê-lo no momento presente, porque nunca estaríamos expostos a todas forças de pressão que colocariam isso a prova e nem temos ciência de todas vertentes do nosso caráter.

Somos honestos facultativos, imprevisíveis no futuro, confiáveis no presente sob situações antes predispostas e omissos as partes que nos desfavorecem, maquiadores de nossa própria imagem, não porque esta seja ruim, mas porque talvez não saibamos a reação que ela explícita causaria no alheio em uma situação alheia. Talvez seja isso mesmo: somos bons em nos fazermos bons.

Autolimpeza terrena

Ainda no escuro, com o o minimalismo do que se sabe ou do que se supõe ter ocorrido nos mais de 4 bilhões de anos do Planeta Terra, tenta-se compreender as alterações do clima que afetam drasticamente a sobrevivência da biota atual.

Com todo o egocentrismo humano, ainda que assumindo a culpa pela intensificação das mudanças climáticas, em muito do que se faz trata-se o restante da vida no planeta com um quê de insignificância. Somos uma das espécies com menor período de permanência no planeta e temos a grande chance de ser uma das que mantiveram o domínio com curto período de ocorrência no tempo geológico. Seremos nós fósseis-guias do nosso próprio período?

Envelopada pelas finas camadas da atmosfera, do ponto de vista científico, toda a vida está distribuida num planeta com solo e água em sua superfície, concedendo todas as condições essenciais. A energia do Sol juntamente com um residual da energia do núcleo do planeta determinam a dinâmica dos sistemas de materiais através de seus fluxos. A compreensão no que tange às mudanças climáticas esta correlacionada com a elucidação desses fluxos de energia e materias e o modo como agem na dinâmica dos sistemas.

Grandes diálogos como a COP 15 evidenciam a grande necessidade de ações, grandes ações, para minimizar os efeitos do aquecimento global - note que mudanças drásticas de comportamento individual, industrial e político podem minimizar e não evitar o que há por vir - contudo, os interesses econômicos sobregarregam de irresponsabilidade as decisões mediante aos cortes de emissões de gases, nas políticas ambientais, e tornam os inventários previamente elaborados, sejam pelo IPCC - Intergorvernmental Panel on Climate Change ou outros quaisquer, meramente ilustrativos de um inevitável futuro que a cada dia é mais presente.

A dinâmica da vida no planeta segue um curso marcado por extinções em massa que já erradicaram cerca de 80% do plantel biológico, isso baseado nos apenas 2% que se acredita permanecer no registro fóssil ou de vestígios. A extinção de espécies inevitável dentro desse ciclo evolutivo é antecipada com a antropofização dos meios e o aquecimento global com a intensificação do efeito estufa mudou a conformação do clima no mundo, todavia vale questionar se essa não seria apenas mais uma das extinções programadas e que o aquecimento do Planeta, ainda que mais severo, seja parte das condições já ocorridas tantas outras vezes.

Sobressai a economia, a diplomacia entre governos e grande parte das ações efetivas são reduzidas ao desfile de políticos nos grandes encontros para tratar do assunto. Ainda há tempo de recuperação: basta fazer valer as poucas atitudes de agora e torcer para que os avanços sejam cada vez maiores, porque a preocupação estereotipada de salvar o planeta é mais um sinal do egoismo humano, já que planeta não precisa ser salvo e que com ou sem grande parte da vida atual sempre terá o recomeço de um novo ciclo. Nos preocupamos agora para que haja uma recuperação antes de um recomeço e para que tenhamos nele a esperança de marcar a nossa sobrevivência.


Ambição progressista

"O lado bom do capitalismo é aquele que transforma a ambição das pessoas no melhor delas."

Intimamente sentir orgulho de um lado materialista não é em um todo ruim, porque em suma é a melhor forma de valorizar o que se tem.

A linha de pensamento neste século, ou até antes disso, encara uma revolução informacional, em que deter informações é sinônimo de status ou poder, uma forma de barganhar bens e direitos, de realização ou de possuir ferramentas na busca do equílibrio do conhecimento entre as massas. Possuir a capacidade de dividir essa informação, nua e crua, imune a qualquer opinião é um desafio maior do que aparenta, todavia ainda é uma estratégia de domínio.

O domínio a partir da informação não é operante por sua detenção, mas pela interpretação da mesma. Difundir uma informação para uma massa sem senso crítico, que trata de forma superficial uma revisão ortográfica numa língua, tida como uma das identidades de uma nação, tira o real valor da informação e torna aqueles que a intertpretam detentores de conhecimento, e disso advém o domínio.

Diferente das Revoluções Industriais, Comerciais, Agrícolas uma Revolução informacional não causa uma explosão demográfica, um êxodo rural ou mudanças na geografia de um local, mas mata. Uma morte diferente da real: esmaga aqueles que não buscam a informação. Sim, buscar, porque o acesso já não é tão restrito, com a dinâmica e sinergia tecnológica, basta bom senso e força de vontade.


Nostalgia na prateleira

00:15 diante de casa, abre-se o portão e a porta, sobe-se as escadas e chega-se a um quarto, meu quarto, com minha cama, meu guarda roupa, minhas prateleiras. Incrível o efeito que pequenas mudanças, o deslocamento de objetos, dispensáveis ao cotidiano, pode inquietar quem os possui.

No dia em questão a primeira prateleira do guarda roupa, antes repleta de inutilidades, estava vazia, o que me fez pensar sobre o real valor das coisas, sobre o desapego, sobre perspectivas.
A organização das coisas, não em dimensões que dê indícios a suspeita de algum transtorno compulsivo, mas de forma natural, acredito ser utópica, porque é impossível manter tudo numa vida, verdadeiramente organizado.

A prateleira anteriormente continha vidrarias de perfumes, organizadas por tamanhos. Após os 12 anos, preservei todos os frascos vazios de perfumes e algumas embalagens de papelão. Um frasco em questão chamou a atenção pelas circunstâncias pelas quais foi obtido: quem presenteia alguém num segundo encontro com um perfume caro? Não caro pelo valor e sim pelas condições pelas quais foi obtido - não sei. Em que ponto das relações interpessoais conhecemos o essencial de alguém? Num primeiro contato, numa vida, enfim nessa ocasião mais do que pudera parecer, porque o encontro do presente foi o último.

Dentre todas outras coisas, imprescindível notoriar apenas mais duas. Uma inflorescência do gênero Pinus, que na ocasião em que foi recolhida do chão eu tinha também 12 anos, talvez tenha sido esta a idade em que comecei a notar as pequenas coisas e a dar algum valor sentimental a elas, coberta com tinta automotiva alguns anos depois e compondo os decorativos da prateleira. Destaco-a pela época em que tomei posse, o fim da infância, a 660 Km de São Paulo no Estado do Paraná, onde um dia aprendi, talvez ali na Rua Vitor Mendes Portela onde peguei a flor, que hoje sei ser atípica de uma Gimnosperma, que nunca é cedo para se delinear o futuro. Perspectiva. Sim, aos 12, optei pela Biologia, ou talvez nem seja, nunca se sabe. Perspectiva é ter um objetivo e desconsiderar o percurso até alcançá-lo.

O segundo objeto, mais recente, obtido no início de agosto de 2009, foi um presente: um chaveiro de carpa, acredita-se ser símbolo de prosperidade, se for, então ainda continuo no aguardo do resultado. Próspero ou não, para mim a conotação é outra. Sem detalhes deve ser melhor, a idéia final, é que o empenho demasiado em alguma atividade por inúmeros motivos pode gerar consequências inesperadas como não ter mais atividade nenhuma para ser executada.

Dia 01 - primeiro contato

"O período entre guerras (1919-1939) foi marcado pela maior crise até então enfrentada pelo capitalismo: a crise de 29, crise de super produção que, iniciada nos Estados Unidos, atingiu em maior ou menor intensidade todos os países." [...]

Cada vez mais difundida pelos multi meios a palavra crise tornou-se o melhor macete de marketing para estampar manchetes, principalmente quando combinada com a palavra ambiental em outra locução qualquer, obstante ainda que de forma indigna ou apelativa trouxe adiante às discussões assuntos verdadeiramente importantes e antes disso observados superficialmente.

Enfim, o que quero tirar disso, é justamente utilizar o tema crise de modo apelativo para salientar a verdadeira causa: a super produção. Do mesmo modo, que em 1929 a contração do mercado teve o aumento da produtividade com concentração de renda como uma das múltiplas razões apontadas, em detrimento da capacidade de consumo do mercado, a crise econômica atual, que perde seu âmbito nas discussões para os desastres naturais de início de ano, teve seu início com a crise imobiliária nos EUA, gerada pela inadimplência conseguinte à super oferta de crédito e capacidade de consumo mascarada.

O relevante das informações supracitadas é que super produção sem consumo ativo gera impossibilidade de lucro. Justifico assim a possível produtividade lenta de postagens neste blog, que dependerá do percentual de leitores ativos e o quanto for lucrativo, prevenindo-me assim de improdutividade.